terça-feira, novembro 20, 2007

Procrastinar...

Eu sei que poderá parecer estranho fazer um post apenas porque gostei de uma palavra. Sim, poderá mesmo indicar o vazio significado da minha vida, cujo ponto mais alto do dia é deleitar-me com um palavrão, daqueles que são utilizados por pseudo-intelectuais quando desejam que os restantes os olhem como seres superiores, mesmo que a comunicação, enquanto transmissão de uma mensagem, seja apenas uma farsa.

Mas, em jeito de defesa pessoal, deixem-me dizer que, este caso concreto, sai fora desse chavão. Não, não é por se tratar de mim e, a qualquer custo, tentar evitar ser só mais um, catalogado à priori, despido de qualquer marca de unicidade. É claro que eu quero ser único, especial, mas, verdade seja dita, a matemática das impressões digitais já me garante que sou irrepetível. Se não for pelas ideias, que seja pelas marcas da pele que cobre os meus dedos!

Voltando à palavra, essa sim o móbil deste post, devo dizer que sou, muitas vezes, tocado por ela. Demasiadas vezes... Desta forma, quando me apresentaram o seguinte flow chart, devo confessar que fiquei estarrecido (outra palavra que exerce sobre mim um fascínio estranho) pelas similaridades com algumas partes do meu dia...

sábado, novembro 17, 2007

"Porque nao te calas?"

Estas foram as palavras do Rei de Espanha, Juan Carlos, a Chavez quando este defendeu o seu ponto de vista onde classificou Jose Maria Aznar como fascista.

Como retrata o filme War On Democracy, a América Latina foi, no último meio século, orquestrada conforme os interesses americanos e de seus aliados.
Os factos demonstram que os defensores da Democracia (Bush, Aznar, Blair e, já agora, Durão Barroso - o trio da cimeira das Lages - mas não só), têm uma visão muito enviesada da mesma. A Democracia só é boa se jogada conforme os seus interesses. Assim, é fácil perceber o sentimento de Chavez.

Contudo, penso que vale a pena analisar mais pormenorizadamente o que significa o "Porque não te calas?" real. Eu não sou psicólogo, mas penso que se conseguem perceber dois sentimentos profundos: o primeiro é a mágoa de alguém que é obrigado a ouvir reparos de um qualquer zé ninguém, oriundo de um estado que, por algum erro estratégico que nunca deveria ter acontecido, conseguiu a indepência do grande império espanhol; o segundo é o despeito de troçarem dos fascistas ao atribuir esse rótulo a um fraco que não se conseguiu manter no poder.
Aliás, como se pode ver neste vídeo, percebe-se bem a quem o rótulo de fascista pode ser atribuído...

Documentários gratuitos

Nas minhas deambulações pela internet deparei-me com um site que merece referência especial. Trata-se de biblioteca de documentários, para visualização gratuita, maioritariamente sobre temas políticos. Sim, eu sei que esta definição é muito abrangente dado que quase tudo pode ser encarado como política. Mas, por isso mesmo, é uma definição muito acertada para os conteúdos apresentados no site.

Um dos filmes disponíveis é o War On Democracy, do John Pilger, onde se analisa a forma como as estruturas políticas da América Latina foram orquestradas, ao longo da última metade do séc. XX e início deste novo século, pelos Estados Unidos da Améria. É analisado a fundo o golpe de estado sofrido por Hugo Chavez, mas também são abordadas as acções perpetradas noutros países, tais como a Nicarágua, Cuba, Guatemala, entre outros.

Apesar de John Pilger ser, declaradamente, apoiante de Hugo Chavez, este filme demonstra algumas das acções concretas que levaram o povo venezuelano a defender o seu presidente no golpe de estado de 2002. Devo dizer que, defendendo algumas das acções que Chavez levou a cabo (combate à literacia, diminuição da jornada de trabalho, aumento do salário mínimo, etc.), discordo das últimas notícias que têm vindo a público e que indicam uma diminuição da liberdade individual e da estrutura democrática (a possibilidade da eternização no poder do presidente, o mandato unipessoal de um ano, a subjugação dos interesses académicos de cada um aos interesses do estado).

segunda-feira, novembro 12, 2007

A educação da Sra. Ministra...

O video seguinte teve lugar em Santa Maria da Feira, no passado mês de Março. Iniciava-se a cerimónia de entrega de prémios do Corta Mato, prova que estava inserida no âmbito do desporto escolar concelhio.
Quando a Sra. Ministra da Educação se preparava para dirigir algumas palavras à plateia, as crianças e professores da assistência vaiaram a ministerial figura. A resposta não se fez esperar e, denotando uma cuidada preparação para o cargo de poder que exerce, a Sra. Ministra deu início a um concurso de vaias, desafiando os alunos a gritarem mais alto do que ela...
Bem... Só mesmo ver para crer...

Convém lembrar que o concelho de Santa Maria da Feira tem um parque escolar deficiente, com escolas sobrelotadas, alunos a terem aulas em contentores, escolas com coberturas de amianto, etc..

terça-feira, novembro 06, 2007

Antiguidades II

Para quem se recorda dos Marretas, os velhos críticos que se sentavam no balcão tinham uma presença marcante. Waldorf e Statler, assim se chamavam, tinham a tarefa de terminar os programas.
Esta é uma compilação dos melhores momentos.

Antiguidades...



Fiquei com uma certa nostalgia depois de dar com este vídeo...

Claro que não poderia passar sem ter aqui um dos melhores de sempre...

segunda-feira, novembro 05, 2007

Que futuro para a Educação?

A educação em Portugal é feita de contrastes: a escola do futuro anunciada pelo Primeiro-Ministro José Sócrates, com os sorrisos radiantes das crianças/actores pagos para o efeito e a satisfação visível da pretensa professora, vive bem longe da realidade presenciada nas nossas escolas.

Curiosamente, mesmo apesar de todos os discursos preenchidos por retórica, a verdade é que os dados mostram, cruelmente, que o insucesso escolar nos 2º e 3º ciclos se mantém estável desde 1996 e, no ensino secundário, a taxa de reprovação ronda os 50%.

Num sistema educativo marcado pela ideologia do sucesso, em que as escolas são organizadas por rankings de dita “excelência”, a escola tornou-se o espaço da “gestão por resultados”, assassinando a máxima criadora de que “a escola não era a tradução do mundo exterior, mas servia para preparar pessoas capazes de o enfrentar”.

Esta meritocracia mascara o insucesso, cujo roteiro é bastante conhecido: são os concelhos do interior, os concelhos mais pobres das áreas metropolitanas, os nichos guetizados dentro das cidades e os alunos oriundos das classes sociais mais desfavorecidas. São as escolas em que as crianças têm tudo, até dinheiro para os centros de explicações, que surgem na dianteira da dita lista. Nada mais seria de esperar, dirá o leitor, mas nada mais falso nos tentam passar do que a ideia de que tudo pode ser avaliado por igual e de que as causas das diferenças são factores extra ao modelo educativo.

Com efeito, a escola enquanto agente integrador e atenuador das diferenças sociais é uma miragem que se vai esvanecendo à medida que o caminho percorrido na definição da política educativa se afasta destes objectivos.

O investimento público na educação em Portugal continua a divergir negativamente da média do investimento dos países industrializados. Apesar de toda a oratória a que assistimos com o anúncio da “sociedade do conhecimento”, bem como o “modelo de economia assente no conhecimento”, o sistema educativa português caminha pelas ruas da amargura e o desemprego alastra mesmo entre profissões com elevado nível de qualificação.

As “Novas Oportunidades” surgiram para justificar o encerramento massivo do ensino nocturno; a redução do número de alunos serve para legitimar o encerramento de escolas; a bolsa de mendicidade criada pelos Professores desempregados serve para justificar a precariedade em que se tornaram as actividades de enriquecimento curricular; a desvalorização social do trabalho dos docentes acontece na exacta medida em que Maria de Lurdes Rodrigues utiliza o seu discurso preconceituoso para levar avante as suas políticas neoliberais.

Esta é a realidade de um sistema educativo que segrega o conhecimento em “matéria vendável” e “matéria acessória”, puramente regido pelas regras do mercado, não permitindo uma preparação completa dos jovens enquanto os Homens e Mulheres de amanhã.

A escola como espaço para formação de identidades, deveria ser um garante dos valores que consideramos fundamentais para a nossa sociedade. A Liberdade e a Democracia deveriam ser bandeiras sempre hasteadas nos seus mastros. Pelo contrário, assistimos a uma política de medo entre os professores e vemos os alunos e funcionários cada vez mais alheados das decisões que os afectam directamente.

É por esta análise que gritamos bem alto que “o rei vai nú”, pois da política educativa do actual governo pouco ou nada se retira.

Tendo por base estes problemas, com base na necessidade de um novo modelo educativo, numa nova educação contra a desigualdade, o Bloco de Esquerda prepara-se para lançar um amplo debate em torno de uma resposta emancipatória para a crise da educação. Este movimento, pela escola pública, é aberto a todos que sintam como seus os problemas de uma sociedade que mercantiliza a educação, transformando o ensino num novo factor de discriminação social.

Desta forma, como que para um pontapé de partida para uma análise profunda à crise educativa e para uma resposta social ao modelo capitalista, o Bloco de Esquerda realizará no próximo fim-de-semana um Fórum, que se espera participado e rico no pensamento produzido.

Artigo publicado no Diário de Aveiro de 26 de Outubro de 2007