A mania de ficar a olhar...
Não suporto, desculpem-me mas não suporto que me fiquem a olhar desta forma. Sim, bem sei que não é mim que estarão a observar, mas, isto das modas já se sabe como é: um dia lá, no dia seguinte cá...
Agora um pouco mais a sério, o que me parece é que esta ideia que, em nome da protecção contra o terrorismo, se podem vasculhar as vidas e vivências de todos nós, está a passar dos limites.
Por um lado, a quantidade de informação que querem guardar é de uma enormidade tal, que não há sistemas informáticos no mundo que consigam fazer a correlação da informação; por outro lado, existindo falhas de segurança na protecção desses dados, qualquer pessoa fica com a vida exposta, como se de um verdadeiro raio X se tratasse. Estes são argumentos mais técnicos, mas não deixam de ser pertinentes: para quê guardarmos informação, se não conseguiremos fazer nada com ela?
Curiosamente, uma das comissões de inquérito que analisou o 11 de Setembro chegou a uma conclusão engraçada: existia informação suficiente, recolhida pelos serviços secretos, que permitia antecipar o ataque, contudo, essa informação encontrava-se mergulhada no meio de tanta outra irrelevante que, como se viu, possibilitou o acontecimento.
Esta Europa está a tornar-se demasiado autoritária e repressiva para com os direitos individuais de cada um de nós. No entanto, só se vasculha a vida de alguns... Veja-se por exemplo o que aconteceu com os voos da CIA que levavam presos para Guantanamo: isso parece que ninguém conhece, ninguém viu, nem ninguém quer ver...