terça-feira, novembro 20, 2007

Procrastinar...

Eu sei que poderá parecer estranho fazer um post apenas porque gostei de uma palavra. Sim, poderá mesmo indicar o vazio significado da minha vida, cujo ponto mais alto do dia é deleitar-me com um palavrão, daqueles que são utilizados por pseudo-intelectuais quando desejam que os restantes os olhem como seres superiores, mesmo que a comunicação, enquanto transmissão de uma mensagem, seja apenas uma farsa.

Mas, em jeito de defesa pessoal, deixem-me dizer que, este caso concreto, sai fora desse chavão. Não, não é por se tratar de mim e, a qualquer custo, tentar evitar ser só mais um, catalogado à priori, despido de qualquer marca de unicidade. É claro que eu quero ser único, especial, mas, verdade seja dita, a matemática das impressões digitais já me garante que sou irrepetível. Se não for pelas ideias, que seja pelas marcas da pele que cobre os meus dedos!

Voltando à palavra, essa sim o móbil deste post, devo dizer que sou, muitas vezes, tocado por ela. Demasiadas vezes... Desta forma, quando me apresentaram o seguinte flow chart, devo confessar que fiquei estarrecido (outra palavra que exerce sobre mim um fascínio estranho) pelas similaridades com algumas partes do meu dia...

sábado, novembro 17, 2007

"Porque nao te calas?"

Estas foram as palavras do Rei de Espanha, Juan Carlos, a Chavez quando este defendeu o seu ponto de vista onde classificou Jose Maria Aznar como fascista.

Como retrata o filme War On Democracy, a América Latina foi, no último meio século, orquestrada conforme os interesses americanos e de seus aliados.
Os factos demonstram que os defensores da Democracia (Bush, Aznar, Blair e, já agora, Durão Barroso - o trio da cimeira das Lages - mas não só), têm uma visão muito enviesada da mesma. A Democracia só é boa se jogada conforme os seus interesses. Assim, é fácil perceber o sentimento de Chavez.

Contudo, penso que vale a pena analisar mais pormenorizadamente o que significa o "Porque não te calas?" real. Eu não sou psicólogo, mas penso que se conseguem perceber dois sentimentos profundos: o primeiro é a mágoa de alguém que é obrigado a ouvir reparos de um qualquer zé ninguém, oriundo de um estado que, por algum erro estratégico que nunca deveria ter acontecido, conseguiu a indepência do grande império espanhol; o segundo é o despeito de troçarem dos fascistas ao atribuir esse rótulo a um fraco que não se conseguiu manter no poder.
Aliás, como se pode ver neste vídeo, percebe-se bem a quem o rótulo de fascista pode ser atribuído...

Documentários gratuitos

Nas minhas deambulações pela internet deparei-me com um site que merece referência especial. Trata-se de biblioteca de documentários, para visualização gratuita, maioritariamente sobre temas políticos. Sim, eu sei que esta definição é muito abrangente dado que quase tudo pode ser encarado como política. Mas, por isso mesmo, é uma definição muito acertada para os conteúdos apresentados no site.

Um dos filmes disponíveis é o War On Democracy, do John Pilger, onde se analisa a forma como as estruturas políticas da América Latina foram orquestradas, ao longo da última metade do séc. XX e início deste novo século, pelos Estados Unidos da Améria. É analisado a fundo o golpe de estado sofrido por Hugo Chavez, mas também são abordadas as acções perpetradas noutros países, tais como a Nicarágua, Cuba, Guatemala, entre outros.

Apesar de John Pilger ser, declaradamente, apoiante de Hugo Chavez, este filme demonstra algumas das acções concretas que levaram o povo venezuelano a defender o seu presidente no golpe de estado de 2002. Devo dizer que, defendendo algumas das acções que Chavez levou a cabo (combate à literacia, diminuição da jornada de trabalho, aumento do salário mínimo, etc.), discordo das últimas notícias que têm vindo a público e que indicam uma diminuição da liberdade individual e da estrutura democrática (a possibilidade da eternização no poder do presidente, o mandato unipessoal de um ano, a subjugação dos interesses académicos de cada um aos interesses do estado).

segunda-feira, novembro 12, 2007

A educação da Sra. Ministra...

O video seguinte teve lugar em Santa Maria da Feira, no passado mês de Março. Iniciava-se a cerimónia de entrega de prémios do Corta Mato, prova que estava inserida no âmbito do desporto escolar concelhio.
Quando a Sra. Ministra da Educação se preparava para dirigir algumas palavras à plateia, as crianças e professores da assistência vaiaram a ministerial figura. A resposta não se fez esperar e, denotando uma cuidada preparação para o cargo de poder que exerce, a Sra. Ministra deu início a um concurso de vaias, desafiando os alunos a gritarem mais alto do que ela...
Bem... Só mesmo ver para crer...

Convém lembrar que o concelho de Santa Maria da Feira tem um parque escolar deficiente, com escolas sobrelotadas, alunos a terem aulas em contentores, escolas com coberturas de amianto, etc..

terça-feira, novembro 06, 2007

Antiguidades II

Para quem se recorda dos Marretas, os velhos críticos que se sentavam no balcão tinham uma presença marcante. Waldorf e Statler, assim se chamavam, tinham a tarefa de terminar os programas.
Esta é uma compilação dos melhores momentos.

Antiguidades...



Fiquei com uma certa nostalgia depois de dar com este vídeo...

Claro que não poderia passar sem ter aqui um dos melhores de sempre...

segunda-feira, novembro 05, 2007

Que futuro para a Educação?

A educação em Portugal é feita de contrastes: a escola do futuro anunciada pelo Primeiro-Ministro José Sócrates, com os sorrisos radiantes das crianças/actores pagos para o efeito e a satisfação visível da pretensa professora, vive bem longe da realidade presenciada nas nossas escolas.

Curiosamente, mesmo apesar de todos os discursos preenchidos por retórica, a verdade é que os dados mostram, cruelmente, que o insucesso escolar nos 2º e 3º ciclos se mantém estável desde 1996 e, no ensino secundário, a taxa de reprovação ronda os 50%.

Num sistema educativo marcado pela ideologia do sucesso, em que as escolas são organizadas por rankings de dita “excelência”, a escola tornou-se o espaço da “gestão por resultados”, assassinando a máxima criadora de que “a escola não era a tradução do mundo exterior, mas servia para preparar pessoas capazes de o enfrentar”.

Esta meritocracia mascara o insucesso, cujo roteiro é bastante conhecido: são os concelhos do interior, os concelhos mais pobres das áreas metropolitanas, os nichos guetizados dentro das cidades e os alunos oriundos das classes sociais mais desfavorecidas. São as escolas em que as crianças têm tudo, até dinheiro para os centros de explicações, que surgem na dianteira da dita lista. Nada mais seria de esperar, dirá o leitor, mas nada mais falso nos tentam passar do que a ideia de que tudo pode ser avaliado por igual e de que as causas das diferenças são factores extra ao modelo educativo.

Com efeito, a escola enquanto agente integrador e atenuador das diferenças sociais é uma miragem que se vai esvanecendo à medida que o caminho percorrido na definição da política educativa se afasta destes objectivos.

O investimento público na educação em Portugal continua a divergir negativamente da média do investimento dos países industrializados. Apesar de toda a oratória a que assistimos com o anúncio da “sociedade do conhecimento”, bem como o “modelo de economia assente no conhecimento”, o sistema educativa português caminha pelas ruas da amargura e o desemprego alastra mesmo entre profissões com elevado nível de qualificação.

As “Novas Oportunidades” surgiram para justificar o encerramento massivo do ensino nocturno; a redução do número de alunos serve para legitimar o encerramento de escolas; a bolsa de mendicidade criada pelos Professores desempregados serve para justificar a precariedade em que se tornaram as actividades de enriquecimento curricular; a desvalorização social do trabalho dos docentes acontece na exacta medida em que Maria de Lurdes Rodrigues utiliza o seu discurso preconceituoso para levar avante as suas políticas neoliberais.

Esta é a realidade de um sistema educativo que segrega o conhecimento em “matéria vendável” e “matéria acessória”, puramente regido pelas regras do mercado, não permitindo uma preparação completa dos jovens enquanto os Homens e Mulheres de amanhã.

A escola como espaço para formação de identidades, deveria ser um garante dos valores que consideramos fundamentais para a nossa sociedade. A Liberdade e a Democracia deveriam ser bandeiras sempre hasteadas nos seus mastros. Pelo contrário, assistimos a uma política de medo entre os professores e vemos os alunos e funcionários cada vez mais alheados das decisões que os afectam directamente.

É por esta análise que gritamos bem alto que “o rei vai nú”, pois da política educativa do actual governo pouco ou nada se retira.

Tendo por base estes problemas, com base na necessidade de um novo modelo educativo, numa nova educação contra a desigualdade, o Bloco de Esquerda prepara-se para lançar um amplo debate em torno de uma resposta emancipatória para a crise da educação. Este movimento, pela escola pública, é aberto a todos que sintam como seus os problemas de uma sociedade que mercantiliza a educação, transformando o ensino num novo factor de discriminação social.

Desta forma, como que para um pontapé de partida para uma análise profunda à crise educativa e para uma resposta social ao modelo capitalista, o Bloco de Esquerda realizará no próximo fim-de-semana um Fórum, que se espera participado e rico no pensamento produzido.

Artigo publicado no Diário de Aveiro de 26 de Outubro de 2007

sábado, setembro 08, 2007

O outono que se pressente

O Verão que se espreguiça não esconde o Outono que se instalou na minha alma.

Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...

Vinícius de Moraes

quinta-feira, setembro 06, 2007

Dissertações...

Sem nos entregarmos por inteiro, nunca nos realizaremos enquanto Homens.
Ou não seremos nós: o outro não sou eu, se é apenas parte de mim;
Ou não seremos ninguém: se nunca nos entregarmos.

O tudo ou nada...

Porque é do português, pai de amplos mares,
Querer, poder só isto:
O inteiro mar, ou a orla vã desfeita -
O todo, ou o seu nada.

Fernando Pessoa, em Mensagem

E depois de Quioto?

O protocolo de Quioto prepara-se para mais um aniversário em Dezembro próximo. A sua proposta original – a redução, em 5.2 %, da emissão de gases responsáveis pelo aumento do efeito de estufa, tendo como referência o ano de 1990 – tinha como objectivo ser cumprida até 2012, mas ainda muito há para fazer.

São dez as primaveras que o protocolo irá cumprir, mas que representam uma década devastadora do ponto de vista metereológico: a instabilidade atmosférica tem vindo a acentuar-se como podemos ver com o aumento do poder de destruição do fenómeno El Nino, pelo aumento do número de tufões, pelas ondas de calor que em vários anos consecutivos assolaram Portugal e, mais recentemente, pela chuvas diluvianas que atingiram o Reino Unido no passado mês de Julho ou a onda de calor que atingiu o sudeste europeu e preparou terreno para esta onda infernal de incêndios na Grécia. O número de cépticos nas mudanças climáticas, que inicialmente criticavam abertamente o protocolo de Quioto, foi diminuindo drasticamente face à realidade tangível que temos presenciado.

O percurso que foi feito pelos países que ratificaram o protocolo de Quioto é desanimador: grande parte dos principais países desenvolvidos já toma como certo o não cumprimento das metas definidas e procura, agora, no mercado de carbono, a compra de licenças de emissão excessiva a outros países.

A situação vivida por Portugal é extremamente alarmante: os sucessivos governos têm sido incapazes de implementar medidas eficazes para diminuir as emissões existentes – pelo contrário, o aumento é visível. Assim, Portugal terá de ir às compras das licenças de emissão excessiva a outros países, perfilando-se a Rússia como o parceiro preferencial. Aliás, só assim se entende a atitude subserviente que José Sócrates protagonizou na recente visita que fez àquele país, merecendo o achincalhamento dos restantes parceiros europeus. O ditado já é velho – “Se vais ao mar, avia-te em terra” – mas José Sócrates sabe bem que o governo português parte para esta jornada sem se ter preparado previamente.

O custo estimado das licenças que Portugal terá de comprar será de 2 mil milhões de euros. Para se poder perceber o que significa este valor, tomando em linha de conta o custo orçamentado do futuro Hospital Central de Faro (200 milhões de euros), estamos a falar de um montante que daria para a construção de 10 hospitais centrais. Seria como que um europeu da saúde, mas, desta feita, com um benefício social claro e duradouro. É este o custo que todos temos de pagar pela incúria dos nossos governantes que não souberam implementar, no devido tempo, um plano capaz de responder às exigências ambientais urgentes.

Contudo, para além das dificuldades de cumprimento de vários países, uma outra nuvem negra paira sobre o protocolo de Quioto: os Estados Unidos – o principal emissor mundial de CO2 – continuam a recusar a ratificação do protocolo, alegando que esse anuir implicaria uma interferência negativa na economia norte-americana. Sendo que as emissões de carbono não se confinam às fronteiras legais de cada país, é bom de ver que esta acção egocêntrica dos Estados Unidos tem um efeito nefasto para todo o planeta. Assim, para além dos resultados negativos ao nível das alterações climáticas globais é, também, claro, que as empresas dos Estados Unidos, pelo facto de não se sujeitarem às mesmas obrigações ambientais das congéneres europeias, partilham de uma posição vantajosa para a produção de produtos mais baratos. Muito resumidamente, está a Europa a pagar parte da factura ambiental dos Estados Unidos e, ainda, hipotecando parte da sua indústria com esta concorrência desleal.

O protocolo de Quioto encontra-se, actualmente, na sua fase final de implementação, apesar da não ratificação pelos EUA e pela Austrália. Desta forma, perfilando-se as alterações climáticas um dos maiores flagelos que a humanidade terá de enfrentar, já se encontra em discussão, no seio da ONU, as acções que deverão ser tomadas no pós-Quioto e que se pretendem sejam definidas já em Dezembro, em Bali, na Indonésia. Este será o debate que definirá o futuro de todos nós, mas que não pode ser feito levemente: as necessidades de diminuição da emissão de gases com efeitos de estufa passam por uma reestruturação profunda da cadeia energética das sociedades actuais. É, também, um debate a que ninguém pode faltar pois o flagelo é global, e, se para o protocolo de Quioto, foi permitido aos EUA que faltassem à sua ratificação, agora a comunidade internacional deve ser firme na sua posição e não aceitar que a balança continue desnivelada. Todos somos poucos no combate às alterações climáticas por isso nenhum pode faltar.

Existe uma velha máxima que diz que “nós não herdámos a terra de nossos pais, mas pedimo-la emprestada aos nossos netos”. Convém que o lembremos constantemente e que não permitamos que ninguém o esqueça.

Artigo publicado no Diário de Aveiro de 31 de Agosto de 2007

terça-feira, setembro 04, 2007

No surprises

Um dos melhores video clips de que tenho memória, para todo um álbum fantástico.

Good Bye Lenin

Com imagem...

segunda-feira, setembro 03, 2007

Águas de Março

Provavelmente a melhor versão de sempre desta música...

Papéis políticos

O desencanto dos portugueses na política é algo que não é de novo. Contudo, parece ter vindo a agudizar-se. Sendo que existem vários factores que contribuem para esta situação, não posso deixar de apontar o dedo para muitas das práticas políticas existentes na nossa praça.

A campanha eleitoral mais parece um concurso de boas intenções em que, mais importante do que as propostas concretas que se tenham a apresentar, é a criação de uma série de frases feitas que tentam não comprometer os candidatos com nenhuma acção em particular. Essas frases quanto mais ambíguas melhor, dado que, assim, se agrada a gregos e troianos, tomando todos por amigos. É a tentativa de passar uma imagem de acção, mas, na prática, com conteúdo o mais neutro possível para não gerar anticorpos.

É claro que é inevitável a apresentação de algumas propostas concretas, mas, sempre, como uma espécie de serviços mínimos, só para não perder por falta de comparência. O mais importante é anunciar obras com impacto, grandes acontecimentos, mesmo que não se tenha a mínima intenção de cumprir com as promessas.

Um exemplo claro do que digo é interpretado pelo nosso Primeiro-Ministro. Das promessas eleitorais do candidato José Sócrates, há muito que o Primeiro-Ministro José Sócrates se esqueceu, dando um ar de naturalidade a todas as quebras de promessas, discursos de retórica, jogos de bastidores…

O poder local com que somos brindados sofre, infelizmente, dos mesmos males. Foi criada a personagem do Presidente de Câmara que é subserviente às intenções do governo. Vou dar o nome de “Presidente Bom Companheiro” a esta personagem. Se é do mesmo partido do Governo, tenta dar algum ar de desagrado perante medidas centrais que não favoreçam o seu concelho. Mas, qual peça de teatro, no segundo acto, após uma reunião – supostamente tensa – com o poder central, tudo muda e as medidas são anunciadas como uma nova vida para o concelho. Se o Presidente de Câmara é de partido diferente do que se encontra representado no governo, no primeiro acto, a cena do desagrado é interpretada com mais intensidade. Existe, também, no segundo acto uma alteração: o resultado da reunião aparece como sendo um mal menor, não existindo outra alternativa que não aceitar a última versão proposta. Esta personagem, actualmente, encontra-se muito em voga, sendo interpretada por vários eleitos locais com destaque no nosso distrito.

Um exemplo prático da aplicação da personagem que acima descrevi teve lugar na última visita que Correia de Campos, esse zeloso ministro da economia da saúde, fez ao nosso distrito. Correia de Campos veio a Aveiro, mas não trouxe coisa boa!... Na mala carregava protocolos para o fecho nocturno das urgências de Ovar e Estarreja e o protocolo para a desqualificação da urgência de Oliveira de Azeméis. No fundo, a realização prática da estratégia que este Governo tem para o Serviço Nacional de Saúde, que nos coloca doentes a todos! E foi ver os Presidentes de Câmara de Estarreja e Oliveira de Azeméis a desempenharem o papel do “Presidente Bom Companheiro”, versão descontente. Assinaram o que Correia de Campos lhes apresentou, mesmo sabendo que os seus munícipes o rejeitaram publicamente, e anunciaram esta capitulação como “Poderia ser pior se não assinássemos o acordo”. Claro que, para a fotografia, tiveram de enviar alguns recados para “o poder central”, mas nada que fosse para levar a sério, tal como o Ministro sabe bem. A actuação acabou com a habitual despedida com abraços e beijinhos…

O Presidente da Câmara de Ovar, por outro lado, interpretou o papel do “Presidente Bom Companheiro”, versão contente. Tudo será melhor para Ovar, uma nova vida, no futuro ninguém se lembrará que foram fechadas as urgências nocturnas… Foi com um final em apoteose que a actuação terminou, com o Ministro a ser efusivamente saudado por todo o executivo.

Uma primeira versão desta personagem foi interpretada por José Mota, Presidente da Câmara de Municipal de Espinho, dando um cunho muito pessoal, com a sua versão de “Presidente Bom Companheiro – desaparecido”. José Mota apareceu muito reivindicativo e, após a tal reunião da praxe, desapareceu e nunca mais se ouviu. Deve ter-se retirado para o Brasil para meditação…

Compreendo o desencanto que existe em relação à política, tendo em conta os tristes exemplos com que somos brindados por estes políticos do sistema… São várias interpretações de uma mesma personagem que tornam medíocre o panorama político. É o esquecer constante que foram eleitos para defender os interesses dos seus munícipes e não uns interesses pessoais, obscuros ou partidários.

Felizmente, nem tudo é cinzento… Existe o Bloco de Esquerda com uma paleta de cores de esperança. A definição clara de quais os adversários em cada momento político é uma das imagens de marca do BE. Uma outra é a defesa obstinada dos interesses de todos nós, colocando-os acima do interesses de apenas alguns. É o chamar pelos nomes aqueles que tudo levam e nada produzem, é o enfrentar, cara a cara, os interesses instalados que nos agrilhoam ao passado.

É com essa certeza que é diferente, para melhor, que reconheço no Bloco de Esquerda o motor dessa transformação que urge na sociedade.

Artigo publicado no Diário de Aveiro de 17 de Agosto de 2007

Idiotices

Ela: O médico disse para irmos à consulta quando os medicamentos estivessem a acabar. Dado que este é o último temos de marcar consulta.

Ele: Então tens de ligar para lá.

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Ela: Estou, gostava de marcar uma consulta, sff.

...: Não é possível, o Sr. Dr. vai amanhã de férias amanhã.

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Ela: Só dá para daqui a três semanas, o médico não está cá.

Ele: Então é melhor comprar mais medicamentos.

sábado, setembro 01, 2007

O Advogado do Diabo

"Vaidade, o meu pecado preferido"



"A versão do Diabo sobre Deus"

O grande Chico em dose dupla

Teresinha



Meu caro Amigo

Platão Revisitado

A identificação inicial da política encerrava um carácter virtuoso da mesma, com a sua contribuição em busca da perfeição humana. As primeiras ideias veiculadas neste sentido remontam à Grécia antiga, encontrando em Platão principal defesa desse estatuto maior para a actividade política. Platão defendia que a estrutura da vida social em Atenas proporcionava a elevação do Homem pela sua bondade, duvidando que o mundo pudesse “produzir um homem que fosse tão independente e dotado de uma versatilidade tão grande como o ateniense”.

Contudo, tal como Platão constatou, a corrupção política era, também, uma realidade, o que lhe motivou uma crítica feroz. Uma das mais famosas obras de Platão é o diálogo com Górgias, figura que representava uma das classes emergentes da altura, os sofistas. Estes orgulhavam-se de transmitir opiniões de natureza geral, não especializada, àqueles que desejavam deixar a sua marca na vida pública da Polis. Para Górgias é impossível saber o que existe verdadeiramente e o que não existe: é tudo uma questão de retórica. Os sofistas e os demagogos seriam, para Platão, as classes criticáveis da política e que lhe retiravam a sublimação de uma arte maior.

Um dos principais assuntos da presente semana foi a visita do Ministro Correia de Campos a Aveiro. Depois da assinatura de protocolos para vários encerramentos, Correia de Campos decidiu-se a dissertar sobre os problemas do Hospital Infante D. Pedro em Aveiro. Foi interessante perceber que motivos o Ministro encontrou para um desempenho menos positivo do referido Hospital: é um problema de “auto-estima” e dos “predadores” privados que se alimentam da caça já moribunda. Aí está um belo discurso! De uma só penada se dá uma imagem de dinamismo e uma mensagem positiva de justiça social! Nada mais enganador…

A auto-estima, como a ministerial opinião evoca, anda pelas ruas da amargura. Este não é, infelizmente, um cenário vivido apenas pelos cagaréus, mas por todos aqueles que sentem na pele o desmantelar de um Sistema Nacional de Saúde. A política devastadora do governo Sócrates tem deixado um rasto de encerramentos por onde passa. Ainda esta semana, no nosso distrito, deixou marcas em Ovar, Estarreja e Oliveira de Azeméis. É este o desânimo que o Ministro constata, mas que finge não conhecer as origens. É com este discurso que tenta lavar as mãos, mas não o deixaremos.

São as lágrimas de crocodilo que o Ministro chora em nome de uma pretensa justiça social que os portugueses abominam. Não esquecemos quem, em nome de um certo comedimento, criou uma taxa para moderação dos internamentos e cirurgias. Sabemos bem quem rejeitou a proposta do Bloco de Esquerda para a dispensa de medicamentos nas farmácias hospitalares a doentes de ambulatório, consultas externas e urgências. Não ignoramos os custos crescentes dos Hospitais EPE nos negócios com os privados. Sabemos bem onde se compram os genéricos mais caros da Europa…

É por tudo isto que a pretensa justiça social defendida pelo Ministro Correia de Campos se esgota na retórica populista e não encontra eco nas práticas do governo Sócrates. Pelo contrário, o acesso universal aos cuidados de Saúde previsto na constituição parece uma miragem cada vez mais distante.

A solução para o Hospital Infante D. Pedro passa pela sua modernização. É uma infra-estrutura criada há mais de 30 anos que já procura sucessor. Houvesse um europeu de Hospitais e esta seria uma obra prontamente realizada… Mas é preciso mais, para Aveiro e para o País. O acesso a cuidados universais de Saúde com qualidade deveria tornar-se um desígnio nacional, ocupando o lugar desta demagogia propagandística que, selvaticamente, delapida o SNS.

Imagino o que diria Platão destes políticos que nos governam… Tão longe as ideias de virtude e elevação humana…


Artigo Publicado no Diário de Aveiro de 27 de Julho de 2007

terça-feira, julho 24, 2007

O Ministro dos Encerramentos

A política de Saúde deste governo é de se lhe tirar o chapéu... Pelo menos assim o pensaram os executivos camarários de Ovar, Estarreja e Oliveira de Azeméis que hoje o estenderam a ver se apanhavam as migalhas que o ministro ia largando à medida que assinava o protocolo para o fecho nocturno das doenças.
Do mal o menos, dizem eles... mas sempre mal, acrescento eu

Retorno

Se o bom filho à casa torna, porque haveria eu de ser excepção?

quinta-feira, abril 05, 2007

Desígnio do País

Por entre duas fornadas de pão de ló, penso que percebi o verdadeiro móbil de todas estas políticas do governo: o turismo. Parece estranho?! Olhe que não... É apenas o radicalizar da campanha "Vá para fora cá dentro". Assim, nas nossas deslocações mundanas, como ir ao centro de saúde, à escola, ao tribunal, temos sempre desculpa para, devido à distância a percorrer, podermos fazer umas feriazitas...
Lanço, desde já, para todos os agentes turísticos que possam ler este blog (imagino que sejam às centenas...) algumas ideias para pacotes de férias que, segundo me parece, irão fazer furor num futuro não muito longínquo:

Feira Medieval em Sta. Maria da Feira: "Venha conhecer as Terras da Feira e, do alto do seu Castelo, fazer uma viagem ao passado. Pelo caminho, faça uma pequena pausa para retirar o apêndice no nosso completo hospital, fruto do mais genuíno pensamento liberal!"

Páscoa no Algarve: "Sente-se cansado? O seu espaço deixou de existir? Venha passar a Páscoa ao Algarve. No nosso pacote divórcio em fim de semana, verá que fica como novo!"

Agrupamentos Verticais de Escolas: "Professor, se queres servir o teu país, alista-te na nossa escola. Temos uma grande variedade de alunos, desde a pré-primária ao secundário, falta de salas e turmas excessivamente grandes. Faremos de ti um Homem (ou Mulher, conforme aplicável)."

Casas particulares com quartos para alugar: "Gostaria de dar ao seu filho um acompanhamento pessoal, mas a escola é tão longe que ele, apesar de andar ainda na primária, não tem tempo para ir todos os dias a casa? Nós temos a solução: O nosso lar para crianças estudantes deslocadas é o que procura!"

terça-feira, março 27, 2007

Ecossocialismo

O caminho percorrido pela Esquerda desde a queda do mundo de Berlim foi, ambientalmente, sempre assombrado pelas práticas desastrosas do socialismo real. Os exemplos são muitos e, infelizmente, nesta área as diferenças para o capitalismo não abundam.
É chegado o tempo da Esquerda sair de vez debaixo dessa sombra e assumir uma luta que só pode ser sua. Nenhum partido liberal, ou mesmo social-democrata, pode, honestamente, defender uma causa em que tentar agradar ao dois lados (dois? será mesmo?). Apenas os partidos verdadeiramente socialistas podem, juntamente com uma alternativa de organização económica, trazer a sociedade para essa convivência salutar com a natureza, em vez da relação de rapina que actualmente existe.
Assim, com todo este espaço imenso por ocupar, aparece o ecossocialismo: uma lufada de ar fresco nas ideias e nas causas, mas, também, na militância. Representa uma nova abordagem da sociedade e, dessa forma, uma novo alcance da mensagem socialista.
Numa época em que os desastres (crises) ambientais alastram, afinal, é mesmo a luta ambiental que poderá fazer a diferença.

quarta-feira, março 21, 2007

Indecisão

Fico sempre na dúvida, quando ouço as perguntas que o dentista me faz, se ele apenas fala, por falar, ou se espera mesmo que eu, com uma broca na boca, lhe responda...

terça-feira, março 20, 2007

O sucessor do Imperador

Numa posição que demonstra toda a modernidade existente no meio económico português, Belmiro de Azevedo deixa a direcção da Sonae. O trono é passado a...o seu filho...
Parece que, afinal, estes barões de negócios tão modernos, regem-se pelas mesmas emoções que os monarcas...

Despersonalização

Deus não tem unidade,
Como a terei eu?

Fernando Pessoa

sábado, março 17, 2007

Sebastianismo Popular (1)

Sebastião Portas promete reaparecer, envolto em nevoeiro, para, através de eleições directas, assumir os rumos da tribo popular. O nevoeiro é negociável, as directas, não...

quinta-feira, março 15, 2007

Rapariga com brinco de pérola

Foi este quadro que motivou o romance de Tracy Chevalier, onde recriou as relações entre esta rapariga e o pintor Johannes Vermeer. Segundo ela, este quadro marcaria a ascensão de uma diva que apareceu para salvar o pintor da sua crise criativa.
A adaptação do livro ao cinema marca, indelevelmente, a afirmação de Scarlett Johansson.

Quem me dera...

Quem me dera, ao menos uma vez,
Explicar o que ninguém consegue entender:
Que o que aconteceu ainda esta por vir
E o futuro nao é mais como era antigamente.
Quem me dera, ao menos uma vez,
Provar que quem tem mais do que precisa ter
Quase sempre se convence que não tem o bastante
E fala demais, por não ter nada a dizer
Quem me dera, ao menos uma vez,
Que o mais simples fosse visto como o mais importante,
Mas nos deram espelhos
E vimos um mundo doente.

Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos indios,
Nao ser atacado por ser inocente.
Eu quis o perigo e até sangrei sozinho,
Entenda - assim pude trazer você de volta para mim
Quando descobri que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você que tem a cura do meu vício
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi.
Nos deram espelhos e vimos um mundo doente.

Tentei chorar e não consegui...

Parte da letra da música "Índios" dos Legião Urbana

quarta-feira, março 07, 2007

Há palavras que nos beijam...

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O'Neill


segunda-feira, março 05, 2007

O sonho faz parte da vida!

Há dias, ouvi do meu pai uma frase fantástica:
"O sonho faz parte da vida. Não para adormecer, mas para não nos acomodarmos à rotina."

quinta-feira, março 01, 2007

MPP - Música Popular Portuguesa

Ainda pensando no Zeca, lembrei-me da glorificação que outros países fazem aos seus artistas.
Particularmente o Brasil, com a sua MPB (Música Popular do Brasil), causa-me uma certa inveja... Esta "música popular" abarca nomes como Tom Jobim, João Gilberto, Elis Regina, Vinicius de Morais, entre tantos outros.
O que me causa admiração é o assumir desta popularidade, esta transversalidade de uma música evoluída (e em evolução), que representa trazer todos estes nomes para as ruas, para meio do povo, como algo seu.
Pena é que a chamada música popular portuguesa, hoje em dia, se confunda a música popularucha com que somos constantemente bobardeados.

Imagino uma MPP (Música Popular Portuguesa)... Quase como as quatro quadras soltas que, juntas, criariam a identidade de um povo. Zeca Afonso, José Mário Branco, Fausto, Sérgio Godinho... Mas este ilustre grupo não se fecha, pelo contrário: é continuado por Represas, Veloso e outros mais...

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Tributo a Zeca Afonso


Passam 20 anos desde que deixou de cantar. O seu espírito, contudo, renova-se entre nós a cada nota das canções emblemáticas que deixou.

Não se pode dizer que fosse um grande músico. Prefiro, antes, dizer que foi um Homem da Música, que, em cada sopro, transbordava melodia.
Tenho-o como um dos grandes compositores do século XX. A sua obra, na minha opinião, ombreia com a de Duke ou Jobim, dando uma aura de modernidade a este nosso Portugal.
No entanto, quase como um triste destino por, entre nós portugueses, ter vivido, morreu na miséria, abandonado.

Fica esta homenagem de quem cresceu a ouvir as Cantigas de Maio, na senda do mundo aberto pela Grândola, Vila Morena.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Vanilla Sky

Este é o quadro de Monet que inspirou o filme Vanilla Sky. É este quadro que dá o mote à transição que acontece no filme entre a realidade e o imaginário.
O quadro foi baptizado como "O Sena em Argenteuil".

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Falando de Amor...

Se eu pudesse por um dia
Esse amor, essa alegria
Eu te juro, te daria
Se pudesse esse amor todo dia
Chega perto, vem sem medo
Chega mais meu coração
Vem ouvir esse segredo
Escondido num choro canção
Se soubesses como eu gosto
Do teu cheiro, teu jeito de flor
Não negavas um beijinho
A quem anda perdido de amor
Chora flauta, chora pinho
Choro eu o teu cantor
Chora manso, bem baixinho
Nesse choro falando de amor

Quando passas, tão bonita
Nessa rua banhada de sol
Minha alma segue aflita
E eu me esqueço até do futebol
Vem depressa, vem sem medo
Foi pra ti meu coração
Que eu guardei esse segredo
Escondido num choro canção
Lá no fundo do meu coração.

Letra e Música de António Carlos Jobim

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